Bate Papo com Maria Flávia Bastos

Bate Papo com Maria Flávia Bastos

No ano passado nós da Moving, lançamos uma série de artigos sobre Clima Organizacional, Habilidades e Competências. Uma série que obteve um retorno que não imaginávamos. Resolvemos voltar com a proposta, mas dessa vez batendo um papo com pessoas que são inspiradoras e referencias para nós aqui da Moving.

O Bate papo de hoje é com Maria Flávia Bastos, professora de ética e de responsabilidade social pela fundação Dom Cabral. Foi finalista do prêmio Ethos-Valor Econômico sobre Responsabilidade Social das Empresas e Desenvolvimento Sustentável, é doutora em Administração com foco em Negócios Sociais pela PUC-MG e já foi conferencista de eventos nacionais e internacionais. Como professora de graduação e pós-graduação, coordenou a criação da Fortuna, primeira agência experimental de empreendedorismo social em cursos de graduação tecnológica no Brasil, com metodologia própria. Maria Flávia Bastos foi também escolhida para desenvolver os treinamentos dos 12 mil não voluntários do setor de comidas e bebidas da Copa do Mundo de 2014.


1) Na sua opinião qual a relação entre: clima organizacional, habilidades e competências?

R.: Como esperar um bom clima entre as pessoas se, na verdade, aquele espaço organizacional não tem nada a ver com elas – suas expectativas, histórias e ideias? eu sempre começo com a ideia da suma importância do autoconhecimento. Quando me conheço e sei das minhas capacidades e, fundamentalmente, dos meus desejos e incômodos, fica mais fácil identificar que local tem a ver com aquilo que acredito. Muitas pessoas trabalham em organizações que não tem nada a ver com as suas identificações. E aí, é certo que haverá problemas e insatisfação das duas partes – trabalhador e empresa! Não há clima que se sustente positivo diante de um desencontro. Assim, é preciso primeiramente, investir no reconhecimento dos indivíduos que chegam à organização – suas habilidades e competências. Depois, desse “encontro”, é preciso pensar em atividades que gerem um alinhamento das e o desenvolvimento de habilidades e competências que possam ajudar esse colaborador no desempenho de suas atividades. Avaliações como a de desempenho e clima organizacional, são, nesse processo, fundamentais para o entendimento de que o “encontro” de fato aconteceu. 

2) No mundo pós digital é possível dizer quais habilidades e competências são ou serão essenciais para um profissional?

R.: Há tantas incógnitas nesse novo mundo que creio ser arriscado dizer, até mesmo, sobre que profissões teremos no futuro. Dessa maneira, novamente recorro à necessidade do autoconhecimento para que possamos estabelecer em que espaços estaremos trabalhando no futuro. Pois, uma coisa é certa, terão mais facilidades no mundo de trabalho pós digital, as pessoas que dominarem conhecimento para além das informações, os que investirem em senso crítico e capacidade de avaliação e discussão. 

3) Nós da Moving Market temos um conceito chamado FCCH (Fatores Críticos de Competências e Habilidades), são as habilidades e competências criticas para qualquer organização. Na sua opinião quais são os fatores críticos para uma empresa desenvolver os seus funcionários?

R.: Para mim, será a capacidade de provocar em seus trabalhadores a busca pelo autoconhecimento e o desenvolvimento de análise crítica. 

4) O famoso sociólogo e filosofo Zygmunt Bauman cunhou o termo mundo liquido – que traduz as relações como algo incapaz de manter a mesma identidade por muito tempo. Nesse sentido o quanto uma cultura tem de importante no desempenho real das pessoas no dia a dia das empresas?

R.: Tudo! O mundo está movido por tendências e as pessoas têm se perdido delas mesmas, de sua essência e, as empresas, como as pessoas, também têm cometido o mesmo erro. Entender sua cultura, seu posicionamento e dar importância, inclusive, à sua ancestralidade, poderá ser mais que uma forma de sobrevivência, o maior diferencial tanto de uma empresa quanto de um profissional. 

5)  O que você pensa sobre habilidades, competências e clima organizacional?

R.: Penso que deveriam “conversar” mais. Penso que deveriam se entrelaçar num diálogo que unisse missão e valores, a sonhos e práticas. Penso que, na hora em que pensarmos menos em recursos humanos e mais em realizações humanas, a sociedade se tornará menos líquida. As pessoas menos influenciáveis. As empresas mais humanas.

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